Questões de Português - Análise e reflexão sobre a língua e a linguagem
INSTRUÇÃO: Leia, atentamente, o texto a seguir para responder à questão.
Professores que encantam: quem são e o que fazem
[...] De fato, na base de todo o progresso que a nossa civilização tem experimentado, sempre
encontramos o professor como personagem insubstituível no processo de produção e difusão do saber. Nas
sociedades baseadas no conhecimento, é praticamente impossível encontrar alguém que, de alguma forma,
não reconheça o valor desse profissional. [...] no geral, professores que se tornam inesquecíveis são aqueles
[5] que marcam a vida dos seus alunos e da sociedade como um todo com o trabalho que realizam.
Importa esclarecer, contudo, que encantar não significa transformar a sala de aula ou os laboratórios
num parque de diversões. Pelo contrário: encantar significa ajudar o aluno a pensar, a superar suas
dificuldades e a dar um passo à frente rumo à concretização de seus ideais. Para tanto, não basta ministrar
aulas atraentes ou divertidas. Mais que isso, é preciso transformar a sala de aula num espaço de superação
[10] das dificuldades, do preconceito, das barreiras familiares, sociais e das próprias limitações. Isso pressupõe
humanizar a sala de aula, trabalhar valorizando as etnias, a diversidade cultural, as crenças, a
individualidade do aluno, seus sonhos e seu projeto de vida.
Professores que encantam são mestres na arte de ensinar a construir o futuro. São pessoas cujo
exemplo de vida ajuda a mudar comportamentos, redireciona caminhos e leva o aluno a descobrir-se como
[15] cidadão, como ser que tem direito a um futuro melhor, que somente uma educação de qualidade pode
proporcionar-lhe. O professor que encanta é, portanto, aquele que não marca a vida do aluno pelo medo,
pelo temor das avaliações, pelo poder de reprovar, mas sim pela esperança que semeia, pelo prazer de
ensinar, de se reinventar a cada dia e, principalmente, pela capacidade de ajudar o estudante a encontrar
no conhecimento um caminho para construir o próprio destino.
[20] Professor que encanta é parceiro, prepara para a vida, estimula comportamentos de cidadania, gera
compromisso com a sustentabilidade planetária, com os valores democráticos e com o bem-estar do
próximo. [...] Torna-se feliz quando consegue ajudar o aluno a recuperar a esperança e encontrar forças
para construir o amanhã a partir do saber que adquire hoje. Professores que encantam são, portanto,
pessoas que conseguem transformar o outro e a si próprios por meio da educação. Educam-se a si mesmos
[25] enquanto estão educando.
Apesar de toda a dedicação e de todo o esforço que o professor empreende para promover o homem,
alguns ainda são duramente ameaçados ou recebem como prêmio a morte no ambiente de trabalho, como
temos visto recentemente. É de se lamentar profundamente que a onda de ódio e o absoluto desprezo a
que foi relegada a educação neste país, especialmente nos últimos anos, ainda ameacem a vida dos nossos
[30] professores. Triste é o país que desencanta, aniquila e mata seus professores. É bom lembrar que isso pode
ser feito por diferentes meios. Assim agindo, a sociedade está matando o seu próprio futuro. Sim, porque a
história comprova que sem professores e escolas capazes de “encantar” não há garantia de futuro melhor –
e muito menos de justiça social.
Fonte: DIAS FILHO, José Maria. Professores que encantam: quem são e o que fazem. Folha de São Paulo. 29 jul. 2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/professores-que-encantam-quem-sao-e-o-quefazem.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail. Acesso em: 26 set. 2023. Adaptado.
Para o autor, o professor, ser que educa,
Sentido próprio, ou denotativo, é o sentido literal, aquele que se costuma atribuir a uma palavra.
Sentido figurado, ou conotativo, é um sentido derivado, simbólico, que pode ser atribuído a uma palavra em determinado contexto.
Está empregado em sentido figurado o termo sublinhado em:
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará desenvolveu um dicionário para traduzir sintomas de doenças da linguagem popular para os termos médicos. Defruço, chanha e piloura, por exemplo, podem ser termos conhecidos para muitos, mas, durante uma consulta médica, o desconhecimento pode significar um diagnóstico errado.
“Isso é um registro histórico e pode ser muito útil para estudos dessas comunidades, na abordagem médica delas. E de certa forma pioneiro no Brasil e, sem dúvida, um instrumento de trabalho importante, porque a comunicação é fundamental na relação médico-paciente”, avalia o reitor da instituição.
Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado).
Ao registrarem usos regionais de termos da área médica, pesquisadores
Como é bom reencontrar os leitores da Revista da Cultura por meio de uma publicação com outro visual, conteúdo de qualidade e interesses ampliados! ]cultural[, este nome simples, e eu diria mesmo familiar, nasce entre dois colchetes voltados para fora. E não é por acaso: são sinais abertos, receptivos, propícios à circulação de ideias. O DNA da publicação se mantém o mesmo, afinal, por longos anos montamos nossas edições com assuntos saídos das estantes de uma grande livraria — e assim continuará sendo. Literatura, sociologia, filosofia, artes... nunca será difícil montar a pauta da revista porque os livros nos ensinam que monotonia é só para quem não lê.
HERZ, P. Jcultural, n. 1, jun. 2018 (adaptado).
O uso não padrão dos colchetes para nomear a revista atribui-lhes uma nova função e está correlacionado ao(a)
As cinzas do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, consumido pelas chamas no mês de setembro de 2018, são mais do que restos de fósseis, cerâmicas e espécimes raros. O museu abrigava, entre mais de 20 milhões de peças, os esqueletos com as respostas para perguntas que ainda não haviam sido respondidas — ou sequer feitas — por pesquisadores brasileiros. E o incêndio pode ter calado para sempre palavras e cantos indígenas ancestrais, de línguas que não existem mais no mundo.
O acervo do local continha gravações de conversas, cantos e rituais de dezenas de sociedades indígenas, muitas feitas durante a década de 1960 com antigos gravadores de rolo e que ainda não haviam sido digitalizadas. Alguns dos registros abordavam línguas já extintas, sem falantes originais ainda vivos. “A esperança é que outras instituições tenham registros dessas línguas”, diz a linguista Marilia Facó Soares. A pesquisadora, que trabalha com os índios Tikuna, o maior grupo da Amazônia brasileira, crê ter perdido parte de seu material. “Terei que fazer novas viagens de campo para recompor meus arquivos. Mas obviamente não dá para recuperar a fala de nativos já falecidos, geralmente os mais idosos”, lamenta.
Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 10 dez. 2018 (adaptado).
A perda dos registros linguísticos no incêndio do Museu Nacional tem impacto potencializado, uma vez que
A garganta é a gruta que guarda o som
A garganta está entre a mente e o coração
Vem coisa de cima, vem coisa de baixo e de
[repente um nó (e o que eu quero dizer?)
Às vezes, acontece um negócio esquisito
Quando eu quero falar eu grito, quando eu quero
[gritar eu falo, o resultado
Calo.
ESTRELA D'ALVA, R. Disponível em: https://claudia.abril.com.br. Acesso em: 23 nov. 2021 (fragmento).
A função emotiva presente no poema cumpre o propósito do eu lírico de